Poesias&Trovas

Aqui você encontrará algumas das minhas poesias e trovas.
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M E N T E  E M  D E C L Í N I O.
 (Efeitos Colaterais da Idade)

A memória  está falhando,
mas  contra o mal sempre luto,
vivo ativo trabalhando
sou feliz, não  sou maluco.
               Eu me esqueço de comer,
               esqueço de guardar mágoas,
               me esqueço até de viver,
               me esqueço de beber água.
Vou me esquecendo de tudo,
até que sou solitário
sem conversa, fico mudo
esqueço de aniversários.
               Esqueço que é bom sorrir,
               fico sério, sem alardes,
               eu me esqueço de dormir,
               rolo na cama até tarde.
Deixo minha porta aberta,
sem ter medo de ladrão,
esqueço que na hora certa
vale uma boa prevenção.
                O meu recadastramento
                na data de aniversário
                deixou-me sem pagamento
               do meu mínimo salário.
Me esqueço de ser focado,
me esqueço não ser omisso,
esqueço encontro marcado,
esqueço dos compromissos.           
               Esqueço que fui menino,
               esqueço que fui rapaz,
               esqueço que fui cretino,
               esqueço da minha paz.
A vida me leva  tudo,
mas fica a debilidade
que fraqueja o meu escudo,
esquecendo a minha idade.
               Lembro, isso não me esqueço
               de nunca ser rabugento
               como tantos que conheço
               internados em conventos.

Rio de Janeiro, 01 de janeiro de 2015

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P O E M A  F R U G A L
Para o amigo Mestre Cabano (Luciney Vieira)

Eu sempre fiz o que pude
para ter melhor saúde
por isso minha atitude
agora não há quem mude.
                A minha alimentação
                é um caso resolvido
                não como qualquer pirão
               nem alimento cozido.              
Não tiro vida animal
para saciar meu prazer
só com fruta e vegetal,
saudável posso viver.    
               Eu peço ao poder criador
               que nos trouxe a esta terra,
               que elimine o predador
               e ponha fim nesta guerra.   
Quero água do rio correndo,
a vida na correnteza,
quero ver todos fazendo
um louvor à natureza.
               Quero ver a luz  brilhar
               quer seja de noite ou dia,
               eu quero compartilhar
               da vitória da harmonia.  

Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2015
                                                  
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 E N C O N T R O  M A R C A D O 

Nunca, nós à mesma mesa.
És declarada inimiga,
estou sempre na defesa,
bem treinado para a briga.
               Gostas de fazer surpresas
               marca da tua covardia,
               disseminar a tristeza,
               cortar a luz da alegria.
Tens o poder de escolher
a vítima que quiseres,
no corredor de morrer,
tanto faz, homens, mulheres.
               O teu prazer é vingança
               não tem limite formal
               quer seja adulto ou criança,
               sofre a sentença fatal.
O teu poder absoluto
não tem igual no universo
és a indústria do luto,
és o golpe mais perverso.
               O nosso encontro marcado,
               que só eu não sei a data,
               me deixa entre os convocados,
               gritando no anonimato.

Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2015.
          
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U M  T R O F É U  P A R A  À  C A D A  U M

Difícil se conformar
com os diversos fatores
que nos faça acostumar
 conviver com tantas dores.
               O sangue corre na artéria
               cumprindo a perene lida,
               sustentando a matéria
               para preservar a vida.
Vida que parece séria,
onde ninguém se maldiz
neste império de miséria
que faz o mundo infeliz.
               Quando chegamos à terra,
               chorando com tanto alarde,
               é outra etapa da guerra
               da qual só fogem covardes.
De que vale a valentia
Se não terá vencedores.
Com audácia, covardia
os troféus serão as dores.

Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2015.

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P A I X Ã O  I N C O N T I D A

Uma paixão incontida
feita de amor e tensão,
transformou a minha vida
em um palco de emoção.
               Vivi noites de ventura
               vivemos com amplitude
               vivi a dupla ternura
               que é própria da juventude.
Mas o que é bom, dura pouco,
veio logo a frustração
me deixando quase louco
por tamanha rejeição.
               É difícil de apagar
               bons momentos que vivemos
               Inclusive este penar
               desta vida que morremos.
Não me resta mais espaço
para tentar novo amor
Já não sei mais o que faço
com o ônus desta dor.
               Até poderia tentar
               fugir na resignação,
               mas só faria me afogar
               no grande mar da ilusão.
Mesmo tendo os pés no chão
e de amor sido formado,
vou morrer na solidão
em silêncio, abandonado.

Rio de Janeiro, 01 de janeiro de 2015

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 É  C A R N A V A L.
  
Não há festa mais liberta
que se iguale ao carnaval,
o povo todo desperta
e turbina o emocional.
               Samba com teus pés no chão,
               sem que percas a cabeça
               por não ter moderação.
               e tenhas o que mereças.
Tudo não vai se acabar
como cessou a zoeira,
lembras que vais trabalhar,
à partir de quarta feira.
               Esquece das ilusões
               de amores de carnavais
               que os ingênuos foliões
               não se livram nunca mais.              
 Veste a fantasia de asas
 Com que muitas conquistaste,              
 volta logo à tua casa
 e consola a quem deixaste.

Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 2015.

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 U M  P O S S Í V E L  R A B U G E N T O

Amigo preste a tenção
naquilo que eu sempre disse
você vai ficar turrão
quando chegar a velhice.
               Vais ficar mais vagaroso,
               por se tornar mais cansado
               tu ficarás mais teimoso
               além de muito estressado.
Ficarás conservador,
terás problemas na vista
e nas relações de amor
serás falso moralista.
               Não lembrarás com clareza
               o que aprontaste na vida
               mormente tuas safadezas
               com tuas presas iludidas.
Posarás como escorreito
com um ar professoral
exigirás mais respeito
mesmo sem teres moral.
               Queres ter autoridade
               como padre no convento,
               mas vou dizer a verdade
               não passas de um rabugento.
Com arbitrária atitude
vais pregar moralidade,
condenar a juventude,
exigindo castidade.
               Assim ficarás sozinho
               cada vez mais isolado
               que nem o simples vizinho
               irá ficar do teu lado.

São Gonçalo, RJ, 05 de maio de 2015.

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D E C O L A G E M  D E  U M A  M O D E L O
(Para alguém muito especial, de um fã)

Ao sair da minha terra
com propósito seguro
encontrei na Inglaterra
segurança pro futuro.
               Ao chegar na terra estranha,
               peguei logo no batente
               minha fé era tamanha
               que venci um oponente.
Logo no primeiro emprego
fui tratado com respeito
e trabalhei com sossego,
conquistando meus direitos.
               Agora é ter persistência,
               somar qualificação
               com modesta competência,
               garantir minha ascensão.

São Gonçalo, 05 de maio de 2015.

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O  B Ê B A D O

Maltrapilho emporcalhado porre!
Dorme na sarjeta sem saber que morre.
Boca aberta, putrefato lodaçal,
viveiro de moscas em macabro festival,
sugando-lhe as secreções em sanha vil,
na orgia cancã, asquerosa, hostil.
Torpe zumbidaval de abjeto palco,
letárgico corpo cego de quem vê no álcool
refúgio amigo para amainar a desdita
de homem errante cuja dor habita.
Quem passa perto vira o rosto e zomba
do decrépito mendigo que a miséria tomba.
Ei-lo cambaleando com o corpo mole.
Cai! Arrasta-se como réptil!...
Balbucia implorando um gole.
Quem sabe não lhe faltou compreensão?
Não importa... É humano... Sofre!...
Estendamos-lhe a mão. - Rio de Janeiro, 1978.
(Do Livro Poesia Nua e Crua, Ed. Paka-Tatu, Belém, PA, 2005)

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LÁGRIMAS DE MÃE

Tarde triste!
O sol despede-se
só o crepúsculo persiste.
O badalar dos sinos
nuncia: dezoito horas!
Oh! Mãe, porque tanto choras?
Recordas por certo meu tempo de criança!
Já sou adulto, tem em mim confiança.
Se estou nesta distante cidade
é para dar-te um dia, toda a felicidade.
O leite que de ti suguei, hoje derramo em suor
trabalhando dedicado por um Brasil melhor.
Não chores mais, querida mãe!
Confia em mim, confia,
em breve transformarei esta amarga saudade
na mais doce alegria.

Rio de Janeiro, 1963.
(Do Livro Poesia Nua e Crua, Ed. Paka-Tatu, Belém, PA, 2005)

X - X - X - X - X - X -

MELHOR IDADE?

Taxar de melhor idade
o flagelo da velhice
parece perversidade
enganação ou tolice.
Sem a menor cerimônia
sou sempre discriminado,
desalento de quem sonha
ser de fato respeitado.
Não quero nenhum favor
gerado por compaixão,
prefiro gestos de amor
brotados do coração.                                       
Não solidão agitada,
confesso não vou ficar.
Minha fé determinada,
sugere participar.
Vou fazendo a minha parte
quer na cultura ou no esporte
mesmo sabendo que na arte
depende de muita sorte.
Com todos os pelos brancos,
com toda a pele enrugada
e tantas dores, sou franco:
reta final de chegada!
Chegar à longevidade,
não há quem prazer não sinta.
Deus, grato pela bondade.
Melhor Idade? - Meus trinta!.
(Do Livro Poemas Nus)

X - X - X - X - X - X - X - X

A vida é uma rota escura
que o turvo destino lança
se desgasta na amargura
mas se refaz na esperança. (2005)

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Se tu tiveres insônia
dê um toque na parceira
seja um pouco sem vergonha
pratique uma "brincadeira". (13/04/2013)

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HOMO SAPIENS

Eu amo, eu odeio.
Eu protejo, eu delato.
Tenho coragem e receio.
Eu salvo, eu mato.
Sou fera pensante,
sou frágil mortal,
sou sábio pedante,
sou cúmplice do mal.
Meu beijo envenena, meu abraço seduz.
Minha palavra condena,
sou trevas, sou luz.
Eu choro, eu canto.
Sou covarde que espreito.
Sou, portanto, 
um ser humano perfeito. (Belém, PA. 07/09/1986)
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